Sejam Bem Vindos!!

Este blog foi criado para relatar minha experiencia com a Síndrome do Pânico, que tenho desde de 2002, e também minhas impressões sobre a vida.

Quando descobri que tinha a doença foi muito difícil, não a conhecia bem e não queria aceitar a situação. Por isso quero dividir minha experiencia com vocês, para poder divulgar este distúrbio e mostrar que o Pânico não tem cura, mas é controlável.

Também relato minha tragetória para descobrir quem sou, e o que um dia quero ser....

“ A vida é curta, por isso, faça amigos, perdoe os inimigos, faça planos, realize sonhos, quebre regras, faça outras, e nunca deixe de sorrir . Viver não é facil como imaginávamos, mas já que estamos vivos ame e viva como se o amanhã fosse incerto.” (Dani Mendes)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Levanta e sacode a poeira....

Estava ficando tudo “tenso” novamente.
Dia 31/03 lá fui eu para meu trabalho passar pelo médico, e ser liberada para trabalhar....
Cheguei lá as 9:00hs. Meu corpo inteiro tremia de medo, ansiedade....pânico!
Me obriguei a ficar o mais normal possível, por que só assim o médico me liberaria para trabalhar.
Graças a Deus não tive que entrar no finger que falei anteriormente. Com certeza se tivesse que passar por lá não iria passar da porta....
Cheguei ao ambulatório e as enfermeiras já estavam me esperando. Todos foram muito gentis comigo, mas isso só ajudava a eu acreditar que as pessoas tinham pena ou medo de mim.
É estranho você estar perto das pessoas e todos te olharem: - “Será que ela vai pirar agora”?
Tudo bem, é coisa da minha cabeça, e tal, mas é desagradável você se sentir diferente, apesar de eu sempre ter me sentido assim ( a vida toda).
Um parênteses: (Desde de pequena sempre me senti uma estranha no ninho. Me achava a mais feia, chata, e que ninguém nunca iria se interessar por mim. A verdade até eu completar meus 16 anos isso realmente aconteceu, só que por mais que as pessoas ao meu redor falassem ou agissem ao contrário, eu sempre me senti diferente).
Passado alguns minutos o médico chegou e me chamou em sua sala.
O que eu mais queria era entrar em um buraco e nunca mais ter que aparecer naquele lugar, mas eu tinha que aguentar firme e passar pelo veredicto.
Depois uma longa conversa com o médico, e ele me questionou se eu gostaria de sair daquele emprego.
Pelo meu histórico universitário eu realmente iria sair de lá mais cedo ou mais tarde, e um mês antes de pirar eu pedi para que se houvesse oportunidade que me mandassem embora.
Não me contive e comecei a chorar compulsoriamente. Não acreditava que finalmente eu iria poder sair e seguir na carreira que eu acreditava.
Fiquei morrendo de medo de minha chefe e minhas coordenadoras se sentissem traidas, ou decepcionadas por eu querer sair, mas ao invés disso todas me apoiaram.
Falaram que eu estava saindo de cabeça erguida e pela porta da frente, e se eu precisasse delas algum dia que poderia contar com sua ajuda.
Eu não acreditava!! Fui preparada para voltar e pirar e sai de lá com a melhor noticia que havia recebi em anos.....aiiiii
Tive sorte de conseguir sair do meu trabalho da melhor maneira possível. Estava rodeada de pessoas que queriam o meu bem, e fizeram o possível para que eu não sofresse .
Depois disso, percebi também com ajuda da terapia, que o problema nunca foi meu trabalho, mas como eu o encarava, como eu deixava as coisas pesadas por sempre querer fazer o mais perfeito e eficiente possível, esquecendo que eu também tinha limitações igualmente a todos.
Comecei neste dia um novo período para a minha vida. Estava prestes a entender o que eu tinha e a finalmente tirar um pouco de sarro disso tudo.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Mais uma vez...cai!!!

Passei o mês de março relativamente bem, estava equilibrada, a terapia estava indo super bem, até o dia 30/03.
Neste dia fui para a aula normalmente. Estava nervosa e ansiosa porque no dia 01/04 eu iria voltar “teoricamente” a trabalhar e isso estava me angustiando.
Tentei de todas as formas não pensar no trabalho, mas a vida é uma caixinha de surpresas, e para me “ajudar” começou a chover e o professor fechou portas e janelas para poder dar aula.
De repente me vi presa! Percebi que estava dentro da sala, ansiosa, com mais 40 pessoas e todas as entradas de ar fechadas.....aiiiii.
Comecei a ter dor de cabeça, neste momento sai da sala.
Tentei me acalmar em um sofá que fica em um lugar coberto dentro da faculdade. Ajudou um pouco. Achei que dava conta para terminar de assistir a aula....mais uma vez engano!!!
Entrei na sala e o pânico veio.... Minhas mãos começaram a formigar. Quando tive certeza que iria ter uma crise, fiquei mais apavorada de te-la perto de tanta gente.
Não pensei em nada, só queria sair daquele lugar o quanto antes.
Procurei meu calmante na bolsa, mas infelizmente deixei em casa....
Sem pensar, entrei no carro e resolvi ir para casa.
Nunca mais tomo atitudes como esta...
Entrei na Rodovia Dom Pedro e não sentia direito meus pés e minhas mãos. Chorava sem controle, e mal conseguia respirar.
A esperta aqui piorou por que fiquei com medo de bater o carro, mas tinha mais medo de para-lo no acostamento.
Enfim, consegui chegar em casa. Abri a porta de casa e desmontei no sofá. Meu marido ficou desesperado!! Eu não conseguia falar com ele. Parecia que eu havia acabado com todas as reservas de forças que eu ainda tinha. Ele percebeu que era uma crise, me deu um calmate e tentou fazer eu relaxar.
Lógico que isso não deu certo.
Comecei a me culpar por ter tido novamente uma crise, flava que eu ia nem que fosse arrastada voltar para o trabalho, chorava sem parar. Me culpava por estar de novo dando trabalho a ele.....aiiii eu me acabei!!
Minha sorte, foi que no dia 31/03 tinha consulta marcada com a minha psiquiatra e ela ia poder dar um diagnóstico do que aconteceu.
Fui a médica e recebi uma terrível noticia.
Minhas opções eram:
  • voltar a trabalhar, passar mal e poder não ter o beneficio renovado novamente pelo INSS e ficar sem salário pelo tempo que meu beneficio fosse negado;
  • não voltar ao trabalho, e não ter o beneficio consedido pelo INSS e ficar sem salário.
            Eu tinha poucas opções e NÃO passar mal não era uma das minhas alternativas mais fáceis, mas para mim era a única.
      Não dormi a noite pensando que eu tinha que aguentar.
    Meu maior pavor era entrar no prédio e encontrar as pessoas....

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Mudanças...São difíceis, mas necessárias.

Passei o mês de março tentando não pensar em voltar ao trabalho.
Minha vida estava calma, e eu gostaria muito de mante-la assim para sempre.
Isto seria um pouco mais difícil, mas o quanto eu conseguisse adiar a preocupação de voltar ao trabalho melhor.
Comecei a descobrir novas aptidões.
Além de fazer minhas caixinhas, comecei a pintar quadros para a minha casa e a inovar em pratos culinários.
A segunda aptidão não foi muito vantajosa para mim e meu marido por que começamos a desequilibrar a balança, e olha que meu marido é difícil de engordar.
Dei um tempo na cozinha e continuei a fazer meu artesanato, estudar, e correr com meu dog.
O que ainda me atrapalhava era a Agorafobia.
Ir ao shopping em dias lotados ou ao cinema ainda eram tarefas difíceis de serem realizadas, mas eu sempre tentava entrar nestes lugares, nem que fosse para sair correndo depois.
Um dia fomos ao cinema (era uma segunda-feira), e estava bem vazio.
Sentamos em poltronas próximas a porta caso eu precisasse sair.
Foi maravilhoso, por que faziam meses que não consegui ficar em lugares muito fechados com gente desconhecida, e desta vez eu consegui. Obviamente eu fechei meus olhos logo que entrei na sala antes do filme, e só os abri após as luzes serem apagadas, por que a quantidade de pessoas entrando na sala me deixou nervosa.
Quando o filme terminou, esperei que todos saíssem da sala para depois eu sair. Foi tenso, mas uma conquista imensa para mim.
Algumas vezes na sala de aula também tinha que sair por causa do numero de pessoas. Em todas as aulas eu sempre sentava ao lado da porta, e evitava ficar lá dentro se a porta fosse fechada.
Aguentava uns 10 minutos e tinha que sair.
Aos poucos fui conseguindo ficar mais tempo na sala de aula, shoppings, eu me sentia uma doida, mas nesse tempo aprendi a dar risada dessas situações.
Nem sempre é fácil rirmos de nós mesmos, mas quando conseguimos temos um alivio tão bom. Parece que tiramos algo de ruim do nossos ombros, as coisa ficam mais leves.
Eu sempre tinha altos e baixos, mas era muito bom conseguir ter os “altos”. Há dois meses atrás eu só sabia chorar e ter medo de tudo. Me sentia incapaz, fraca, uma inútil em tudo o que eu fazia.
Depois que consegui (com muito custo) aceitar que eu tinha limites, diferentes de outras pessoas, e que isso não era bom nem ruim, era só um fato, entre tantos outros na minha vida, é que comecei a ver luz, ver que haveria uma saída.
Não é fácil. Quando conto minhas histórias neste blog, parece que tudo foi lindo, e facilmente consegui superar tudo.
Não foi assim. Eu surtei, chorei ( e ainda choro), sofri muito, mas tudo anda quando estamos dispostos a caminhar mesmo sobre alguns espinhos.
As ultimas crises de panico me ajudaram a ver que não vale a pena sofrermos com medo do que os outros vão achar, ou que nós somos fracos.
Somos fortes, fracos, lindos, feios, choramos, rimos, brigamos, abraçamos, somos tudo um pouco de cada vez. Somos humanos, e felizmente temos sempre a oportunidade de aprender a sermos melhores e fazermos o melhor para nós mesmos.
Eu estava quase sob controle. Ainda faltavam algumas (umas duas) crises, mais uns empurrões para eu conseguir manter o equilíbrio por mais algum tempo.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Só por curiosidade .....

Este é o meu lindinho (já grande). Hoje ele esta com 10 meses.

Em busca de tranquilidade

Meu afastamento pelo INSS iria acabar no incio de março.
Até o final de janeiro eu estava maravilhosamente bem.
Em meados de janeiro compramos um cachorro da raça Boston Terrier.
Minha psiquiatra me falou que eu deveria fazer exercícios, atividades diversas e também me recomendou um cachorrinho.
Fazia muito tempo que eu queria um filhote, mas tinha medo de não conseguir cuidar devido a minha vida corrida.
Eu e meu marido conversamos, e depois de muito pesquisarmos lá estávamos nós com o lindinho.
Fui até São Paulo só para compra-lo.
Foi a glória na minha vida. Ele me ajudou a começar me preocupar com outras coisas a não ser com as minhas neuras. Todo dia tinha que cuidar dele, pensar nele, e isso foi me ajudando a esquecer dos problemas, do trabalho, da faculdade.
Em paralelo com o cão, resolvi começar a pintar quadros (posso dizer que não tenho o dom), mas era um passa tempo. Teve telas que pintei e as repintei umas 10 vezes, mas isso me fazia bem.
Comecei a olhar vídeos na internet que ensinavam a fazer patch work, decopagem, e fui aprendendo e fazendo.
Tudo parecia estar as mil maravilhas. Eu estava em casa, fazendo coisas que me deixavam feliz, tinha um cachorrinho para cuidar, estava arrumando minha casa do jeito que eu gostava, até chegar o mês de fevereiro.
Pronto!!! Estava armada a minha mais nova confusão.
Comecei a me cobrar que deveria desesperadamente me curar da Agorafobia e não ter mais nenhuma crise para poder voltar ao trabalho, por que poderia haver comentários das pessoas que eu estava com frescura para não trabalhar. Além desta preocupação, comecei a me preocupar com as terapeutas. Achava que tinha a obrigação de apresentar melhoras em todas as sessões, porque assim elas iriam ver como estava me dedicando ao tratamento.
Agora me expliquem, por que a gente faz isso? Ou melhor por que nossa estima faz isso?
Comecei a ter crises novamente por medo de não melhorar. Ironia do destino, a minha vontade de ficar bem estava piorando meu quadro.
Minha terapeuta perguntava nas sessões: por que vc precisa melhor tão depressa? Por que não pode ficar afastada mais um tempo? Eu só sabia chorar e me achar um fraca....aiiiii cabeça!!!
Aos poucos comecei a me acostumar com o fato de ficar afastada mais um tempo. Na verdade resolvi esperar até o final de fevereiro (já que faltava 1 mês para eu voltar a labuta), para saber o que seria melhor para o meu quadro.
Confesso que esperar não é o meu forte. Isso eu sempre fico doida.....heheheheh
Esperei, e no final de fevereiro fui afastada por mais 30 dias.
Desta vez fiquei bem. Consegui perceber que não ia adiantar nada eu me matar para melhorar. Pânico só se melhora aos poucos e cada um tem seu tempo, sua história.
As preocupações continuaram, mas de uma forma mais branda. Comecei a me preocupar com meu TCC na Unicamp, cuidar do cachorro, fazer minhas caixinhas de artesanato, mas nada de afobações. Pelo menos era minha intenção.
Finalmente eu comecei a mudar um pouquinho meu pensamento em relação a mim. Mas ainda haviam vários paradigmas e obstáculos para serem vencidos.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Medo!!! Como correr dele?

Inicio de Janeiro de 2010. Eu estava pronta para começar tudo de novo.
Iniciei a terapia, agora com uma psicóloga. Minha psiquiatra não poderia mais me atender como terapeuta.
Confesso que foi muito bom. Não que eu não gostasse da minha psiquiatra, mas ter novas opiniões e olhares sobre o mesmo problema nos ajuda a crescer.
O primeiro dia foi tranquilo. Já tinha passado pelo processo de iniciar terapia, então fui mais calma do que a primeira vez que iniciei o tratamento em 2003.
Sai da sessão super empolgada. Minha terapeuta era bem alegre, calma (o mais importante...rsrsrs), e me deixou muito otimista.
Segunda sessão....nada são flores!
Eu estava abaladíssima! Supernervosa por não estar trabalhando e o pior morrendo de medo de sair de casa e a pessoas me verem na rua e me julgarem.
Morria de medo de alguém do trabalho me ver e falar: “ Para trabalhar ela não esta bem, mas para sair esta”. Este pensamento só piorava minha situação, pois me deixava mais vunerável a uma nova crise e estimulava a agorafobia.
Decidi que iria tentar lutar contra a agorafobia, e comecei aos poucos sair de casa.
Não foi muito fácil. Precisei ser perseverante e ter a paciência das pessoas que estavam comigo.
Um dia fui almoçar com minha prima e meu marido no shopping. Fomos no horário das 11:00hs, porque assim o ambiente ainda estaria vazio.
Hoje dou risada da cena, mas na época era aterrorizante.
Entrei no shopping com um de cada lado meu, os braços protegendo meu corpo morrendo de medo de alguém esbarrar em mim e eu ter uma crise. Neste dia fiquei um pouco e tive que sair, porque o medo chegou...
A terapia estava intensa. Chorava todas as sessões.
Ficava perdida porque sabia que tinha que mudar mas não sabia como!! Novamente, como eu iria mudar a a minha cabeça? Que caminho seguir se eu só via um só? Estava confusa, com medo, aiiiii não foi fácil.
Durante a terapia convencional resolvi também fazer terapia de regressão.
Lá começava eu em mais um caminho, em mais uma dor.
Mas posso falar hoje que as terapias foram a melhor coisa que fiz e faço (mas isso é outra história, para ser contada mais tarde!).
As terapias tornaram-se complementares, e nos dois tratamentos a cada dia percebi que o único modo de eu melhorar era mudar minha postura, meu jeito de ser. Isso no inicio não me ajudou em nada, porque me cobrava ainda mais para melhorar como se isso fosse me ajudar em alguma coisa....
Foi um caminho longo, vocês irão perceber...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Agorafobia

Força de vontade de melhorar é essencial para quem tem pânico, mas isso não basta. Primeiro temos que nos forçar a ver quem somos e por que estamos assim. Temos que assumir que não somos tão insensíveis como gostaríamos, e isso é uma das partes mais difíceis...reconhecer quem somos. Como fazer isso? Ou melhor, saber de nossas fraquezas é fácil se compararmos com a dificuldade de mudarmos a nós mesmos! Como manda a minha cabeça parar de pensar, se quem manda é ela? Difícil isto...
Eu estava caindo em mais uma armadilha montada por mim mesma, mas não queria ver.
A Agorafobia estava piorando. Não conseguia nem pensar em ir a shopping. Imaginem, em plena época de Natal eu tentando ir a um shopping? Piada, né?
Depois do Natal, resolvi ir ao centro da cidade de Campinas, onde moro com meu marido.
Chegando lá vi as ruas vazias e me aventurei a ir com ele no mercado central.
Foi a pior experiencia que tive com o pânico.
Teimosa, entrei no mercado e comecei a sentir minhas mãos formigarem, e a ter tonturas. Insisti, e depois minhas pernas ficaram tremulas e então resolvi sair do local.
Sorte que meu marido estava perto, minha vista pretejou e quase desmaiei. Fui carregada para o carro. Não me lembro de chegar em casa. Sei que fui medicada e dormi duas horas.
Dois dias depois viajamos de carro para Goiânia. Eu simplesmente não consegui entrar nas lojas de conveniência. Eu era maluca....
Chegamos em Goiânia em segurança. Lá eu não ia em mercados. No Reveillon tentei ajudar minha sogra e minha cunhada a comprarem a ceia, mas fui barrada pelo medo. Simplesmente não dava para pensar em ir em festa cheia.
Voltamos para Campinas e iniciei novamente a terapia, agora com uma psicóloga indicada pela minha médica.
Começava novamente uma nova jornada de autoconhecimento e principalmente de aceitação.
Estava descobrindo que o pior não é o pânico, e sim nos defrontarmos com nós mesmos.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Novas experiencias!

A experiencia no INSS foi dramática. O médico foi super ríspido, me tratou como se eu estivesse lá por capricho e frescura. Ele nem olhou no meu rosto para me consultar, mas consegui dois meses (60 dias) de afastamento.
Fiquei horrorizada. Sabia que não estava 100%, mas 60 dias em casa era muito né?
Devido a insistência do meu marido, chefe e médica resolvi assumir a doença, e ficar o tempo recomendado em casa. Quem sabe me faria bem?.....outro engano meu!
Na verdade ficar em casa não foi ruim, mas comecei a me preocupar mais com a opinião das pessoas, e isso provocou um medo sem sentido de sair de casa.
Tinha medo de dirigir, ir ao shopping, cinema, sair na rua...
O pior de tudo é que não conseguia aceitar esta limitação. Como eu, que sempre fui independente, de ir a qualquer lugar sozinha, estava com medo de sair para ir a esquina?
Sempre que eu me aventurava a sair, tinha crises, e por isso só saia de casa quando meu marido estava junto. Não foi fácil!!!
Mesmo com todo o medo, sempre tentava sair. Me recusei a ficar refém do pânico e da Agorafobia, mas era inevitável, eu sempre passava muito mal.
Para piorar, não aceitava a minha suposta fraqueza que provocou o pânico.
Me culpava todos os dias por estar doente, por não ter tido forças suficiente para aguentar o tranco, como eu acreditava que qualquer pessoa conseguiria faze-lo.
Passaram os 60 dias de licença, e minha médica recomendou mais 30 dias de afastamento. Eu quis morrer!!! Como??? Eu tinha que tentar voltar ao trabalho!!
Como estava próximo do final do ano, e das férias coletivas no trabalho aceitei com muitya conversa ir novamente ao INSS.
Fiquei morrendo de medo de ser julgada por eles e tive uma nova crise logo que cheguei ao prédio da pericia.
Graças a Deus, o perito que me atendeu foi supersensível ao meu estado, recomendou mais 60 dias em casa, e pediu para que eu parasse de me preocupar com os outros e cuidasse de mim.
Sai de lá mais calma, com menos medo. O Natal e o ano novo estavam próximos, quem sabe o novo ano não me ajudaria? Queria começar 2010 com pé direito, e minha força de vontade eram maiores que eu imaginava.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Recomeço....

Depois desta crise, comecei a ter várias.
Não podia ouvir falar no trabalho que pirava. Não conseguia dirigir sozinha, surgiram várias limitações, mas teimosa como sou, achava que era temporário, e que o remédio logo faria efeito, e tudo iria passar.
Tive aproximadamente 4 crises fortes em 1 semana, e não me convencia que eu estava fora do controle.
Dois dias antes de eu voltar ao trabalho minha chefe me ligou. Ela estava preocupada comigo, pediu que se eu não estivesse bem que não fosse trabalhar, mas esta possibilidade me deixou atordoada.
Ao invés de eu ficar calma, fiquei culpada por deixar todos preocupados comigo, e tive uma nova crise a ponto do meu marido ter que tirar o telefone da minha mão, por que eu não consegui mais falar.
Neste dia ele me deitou no sofá, me deu um calmante e esperou eu começar a me mexer. Eu travei a boca, mãos, pés, meu corpo todo estava rígido.
Depois que “voltei" do surto, pedi para ele ligar para minha chefe. Eu a deixei mega preocupada e culpada por faze-la acreditar que ela havia causado a minha crise. Mas a culpa não era dela, era minha.
Eu não sabia como lidar com a vergonha e culpa de ter tido novas crises. Até o dia fatídico de outubro, quase ninguém sabia que eu tinha doença.
Mesmo depois deste “espetáculo” fui trabalhar no dia que venceu meu atestado. Não queria pedir licença pelo INSS, porque para mim não havia justificava para um afastamento deste tipo. Como sempre me enganei.
Cheguei ao trabalho (dirigindo, óbvio!!!), com medo de encontrar alguém. Lógico que eu iria ver alguém, mas estava morrendo de vergonha por ter voltado a ter pânico. Acreditava que todos estavam me vendo como “coitadinha”, “fresca”, fraca ou louca. Tinha medo de encarar as pessoas e perceber o que estavam pensando.
Coloquei os pés dentro do prédio e comecei a sentir falta de ar. Não me convenci, e fui para meu posto de trabalho.
Para chegar ao laboratório, eu tinha que passar por uma espécie de túnel (finger). Neste dia percebi que talvez eu não estivesse só com o pânico, mas também com Agorafobia, pois desci aquele finger morrendo de medo de sufocar, de cair lá dentro. Mas esqueci deste medo quando consegui chegar ao laboratório. Agora o medo era das pessoas, não teria como não as encara-las.
Entrei, e todos pareciam não ter me visto. Estavam com medo de eu ter uma nova crise, por isso tentaram me poupar não me fazendo perguntas, só me cumprimentaram.
Este esforço de todos foi em vão. Me senti mais exposta ainda e comecei a passar mal. Me levaram para a sala da coordenação e lá me deram um copo de água e tomei meu remédio.
Por que somos tão teimosos??? Deixei todos apavorados, preocupados por minha teimosia, e com isso fiquei mais culpada. O que eu ia fazer? Queria tentar ficar, para mostrar a mim mesma que era uma “frescura” minha (isso depois de 6 anos de terapia), mas as cabeças sensatas não me deixaram ficar.
Me colocaram dentro de um taxi me mandaram de volta para a minha médica.
Não queria me afastar, isto seria uma prova de que eu não era capaz....aiiiiii
Não teve jeito, minha chefe e minha psiquiatra insistiram, e eu acabei aceitando.
Lá fui eu ao INSS pedir para ficar em casa...
Minhas "aventuras" estavam ficando cada dia "piores", mas eu ainda tinha dificuldade em aceitar que o pânico tinha voltado para valer. O que eu ia fazer?? Novos sintomas apareceram, e no INSS vi como é estranho depender do sistema de saúde no Brasil...

domingo, 29 de agosto de 2010

Aconteceu mais uma vez...

Em Setembro de 2009 eu estava no limite. Não dormia quase nada, o trabalho estava a mil por hora, e a Unicamp me deixando de cabelos em pé.
Tentei de todas as formas ficar calma, manter o controle, mas as noites em que eu chegava em casa e chorava começaram a ficar mais constantes.
Outubro foi o pior mês. Meu trabalho e faculdade nunca ficaram tão pesados ao mesmo tempo.
Mais uma vez fiz o possível para me controlar, mas o inevitável aconteceu...
Dia 27/10/2009, fui trabalhar normalmente. Na semana anterior tive uma crise de rinite alérgica que não melhorava de jeito nenhum.
Minha crise começou com um surto de tosse, depois veio a falta de ar e minhas mãos começaram a formigar. Fiquei parada, tentando voltar a ter o controle da situação, mas não deu!!! Uma colega me perguntou se eu estava bem e então eu pirei.
Não sentia minhas mãos e pernas, comecei a ter uma crise de choro, e achei que não conseguiria andar até a enfermaria, mas fui.
Cheguei a enfermaria, e me encaminharam para o consultório da minha psiquiatra.
Estava arrasada. Faziam quatro anos que eu não tinha nada. Como isso aconteceu comigo de novo???? Como eu não tinha conseguido??? Por que de novo???
Tinha tantas perguntas, medos, vergonha e culpa de tudo!!!
Minha psiquiatra me afastou do trabalho por 14 dias.
Queria voltar antes, mas meu marido e minha chefe não deixaram.
Como eu me detestava por ter pirado de novo...
Lá começava eu, um novo caminho, uma nova oportunidade para afastar o pânico.
Mas não foi tão fácil. Tive mais trabalho do que podia imaginar....

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Inicio de 2009

Inicio de 2009, eu achava que estava ótima!! A gente sempre “acha”...
O meu comportamento começava a me dar indícios que eu não iria continuar bem se fosse levar tudo tão a sério, mas como “achava” que era uma rocha não dei ouvidos.
Sempre fui muito certinha, séria, apesar de querer leva a vida mais light.
No inicio de 2009 o local onde eu trabalhava passou por várias mudanças, a primeira delas era o boato que iriamos falir.
Eu fiquei uma pilha Duraccel.
Tivemos férias coletivas no final do ano, como sempre, mas quando iriamos voltar em meados de Janeiro, fomos notificados que iriamos retornar as atividades no inicio de Fevereiro.
Eu, como todo ansioso, fiquei nervosa por não saber o que iria acontecer, se iria ficar desempregada, se conseguiria receber meus direitos, tantos “se” que comecei nesta época a não dormir direito.
Eu tinha todo tempo do mundo para dormir, me divertir, mas só ficava agoniada pensando no que poderia hipoteticamente acontecer. A falta de controle sobre o tempo, espaço, me agoniam.
Voltamos ao trabalho, mas a falta de controle ainda me deixava um pouco piradinha.
No trabalho as coisas não andavam muito bem, haviam vários boatos sobre o que poderia acontecer com a empresa, que iramos todos ser demitidos sem direitos nenhum, que a empresa havia entrado em concordata, que a empresa havia sido vendida boatos e mais boatos sem fontes seguras.
Além disso, o que iria adiantar na minha vida ficar preocupada com os problemas financeiros do meu trabalho? Se alguma coisa fosse acontecer não seria a minha preocupação que iria mudar algo certo?
As aulas reiniciaram na Unicamp, e a vida ficou mais “agitada”.
Várias coisas para fazer, preocupações sem fundamento, aiiii, tudo estava caminhando para o óbvio, uma crise, certo?
Mais ou menos, consegui dar uma acalmada (não sei como) e consegui terminar o semestre na Unicamp. Neste meio do caminho, a empresa foi vendida, e tudo iria voltar ao normal....ufa!!!
Quase ufa!!! O segundo semestre estava apenas começando, e minhas “novas” preocupações também....
Como é chato ser certinha.....aiiiii
Vida nova era algo que estava muito longe de acontecer...

OPS

Gente desculpe a ausência!!! Prometo que os post´s serão mais constantes...
Tive uns contratempos, nada grave !! E agora voltei sem pausas!!!
Beijos

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A vida prega umas pecinhas!!!

Passei meus dois primeiros anos na faculdade andando na corda bamba para não entrar em pânico novamente.
Quando mudei de horário no trabalho, resolvi correr atrás do prejuízo, e comecei a pegar todas as matérias que tivesse horário para eu fazer, no incio do meu 3º ano em 2008.
Neste período já faziam 3 anos que eu não tomava medicação, e a vida parecia estar ótima.
Comecei a ter aula todos os dias, e aos sábados de manhã fazia estágio em um projeto da Unicamp de Educação de Jovens e Adultos.
Eu amava ir ao projeto. Nossa foi um período de aprendizagem sobre pessoas muito grande. Imagine alguém com 82 anos resolver estudar para aprender a escrever seu nome??
A simplicidade, coragem e determinação daquelas pessoas lindas me incentivava a cada dia. Era maravilhoso compartilhar com eles o pouco que eu sabia, e aprender muitas coisas sobre determinação, solidariedade e perseverança, algo que para mim foi uma das minhas melhores lições de vida.
Mas, ainda sim eu precisava voltar a dormir. Sempre tive a capacidade de conseguir lotar minha vida com milhões de coisas. Não sei ficar parada esperando as coisas acontecerem, e além disso tenho sede de aprender, viver coisas novas, ai sempre me sobrecarrego.
Comecei a dormir tão pouco quanto antes. Trabalhava das 7:30 as 17:30hs, ia direto para faculdade, estudava, entrava na aula as 19:00hs e saia as 22:30/23:00hs. Chegava em casa, lia jornais, noticias, tomava banho e ia dormir. Sábado acordava cedo, e a tarde arrumava casa, saia, sempre tinha algo a fazer.
Meu ritmo estava a 320km/h, e minha médica e meu marido (o antigo namorado) ficavam me falando para desacelerar.
Para mim era quase impossível, eu queria ser a melhor na faculdade, a melhor esposa, a melhor filha, a melhor amiga, a melhor funcionária....aiiiii eu devi ser muito irritante, mas errar, não dar atenção para as pessoas, não ser perfeita para mim era a mesma coisa que ser um monstro, uma aberração.
Voltei a ser a mister perfeitinha, e não havia cristo que me tirasse que isto estava sendo bom para mim, e eu aguentava o tranco.
Um dia quase pirei por ter tirado uma nota 8,0 na faculdade. Não me permitia errar de jeito nenhum.
As coisas começaram a voltar, eu não havia mudado!
Só aprendi a lidar com meus pais, e isso havia me dado qualidade de vida, mas quando a gente não resolve os problemas, só os mascara, como já falei...um dia eles voltam para te assombrar.
Eu estava novamente entrando em um caminho que todo munda sabia onde iria dar, só eu não conseguia aceitar. Achei que já estava curada, e que o pânico era coisa do passado.
Tive crises de laringite, a aponto de ter que ficar 5 dias sem falar nada, logo eu que "odeio" falar.
Crises de rinite eram constantes na minha vida.
Tudo isso já eram sinais que eu estava indo rápido demais, esquecendo que eu tinha limites!!
Durante quase 1 ano eu realmente consegui sustentar a minha vontade de ser a mais "forte" de todos, até o dia que levei um tranco...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

As coisas pareciam que iriam mudar...

PASSEI!!! Eu passei no curso de Pedagogia!! E agora, eu ia fazer?
Meu namorado, irmãos, amigos e até o pessoal do trabalho me deram o maior apoio para eu fazer o curso.
Fiquei morrendo de medo. E se não desse certo? E se a grana dessa profissão não desse para me sustentar? E se eu não conseguisse emprego? Muitas duvidas pairaram sobre a minha cabeça.
Fiz a matrícula, e iniciei o curso.
Os primeiros dias de aula foram tranquilos, mas ai começou minhas novas preocupações.
Por não acreditar muito em mim, achei que passei na Unicamp por que tive sorte, então acreditei fervorosamente que eu teria que me matar de estudar para não ser reprovada logo no primeiro semestre.
Era tudo diferente para mim.
Eu sempre estudei e tive facilidades com matérias de exatas, matemática, etc. Derrepente me vejo tendo que ler muitos textos, com assuntos diversos, e que eu não tinha o menor conhecimento. Eu ia ser reprovada, óbvio!
Eu entrava as 6:00hs da manhã no trabalho e saia as 14:30hs de segunda a sexta, e de sábado eu trabalhava das 6:00 as 12:00hs.
Devido ao medo de não conseguir acompanhar as matérias, eu saia todos os dias do trabalho, ia direto para a Unicamp e estudava até as 19:00hs, quando as aulas iniciavam. Chegava em casa por volta das 23:00hs, comia alguma coisa, assistia ou lia o jornal (por que não podia ficar fora do mundo, né?), e depois tomava um banho e ia dormir.
Nesta brincadeira comecei a dormir de 4 a 5 horas por noite.
Durei quase 2 meses sem sintomas nenhum....mas, no final do 1º semestre comecei a ter tontura, falta de ar, fraquesa, etc....advinhem???
Os sintomas do pânico começaram a se manisfestar.....aiiiiii
Graças a Deus, tomei tenência antes do pior. Tranquei 1 matéria 2º semestre, e comecei a dormir pelo menos 2 dias da semana a tarde.
Ajudou um pouco, mas ainda tive que me monitorar durante algum tempo.
As minhas notas estavam ótimas, mas eu ainda tinha medo de ERRAR!!!
É difícil ser complicada.....
Dei trabalho para minha médica por mais quase 1 ano, por que ela insistia que eu tinha que dormir mais devido ao pânico, e eu adiava e acreditava que era mais forte do que ele.
Até o dia que comecei a entrar 1he30min mais tarde no trabalho. Já era um ganho de 6 horas semanais de sono!!!!
As coisas pareciam que iriam melhorar, mas....

domingo, 8 de agosto de 2010

Começar a decidir por mim mesma

As sessões de terapia continuaram a todo vapor.
Estava começando a me sentir mais livre, com menos coisas para pensar, apesar de ainda querer “salvar” a felicidade dos meus pais.
Comecei aos poucos a me sentir menos culpada em relação a eles, mas as vezes tinha umas crises de culpa que me pegavam de jeito.
Não tive mais nenhuma crise séria naqueles anos, e aos poucos tudo parecia estar voltando ao lugar.
No trabalho eu estava mais tranquila, pelo menos foi o que meus colegas me falavam.
Um dia, em uma das sessões, fui questionada a respeito da minha profissão.
Há anos eu estava tentando entrar na Unicamp para fazer química, mas eu nunca ficava triste por não ter passado. Na verdade ficava aliviada, mas só percebi isso naquele dia.
Falei para minha terapeuta que não sabia o que eu queria fazer, mas estava tentando entrar em química pelo fato de eu já estar na área, e por achar que eu tinha mais chances de sucesso.
Sempre ouvi que meu futuro era na área de exatas, e não vi problema nisso. Além disso, meu pai me incentivava a fazer química, continuar na área, e achei que era o melhor a fazer, tinha medo de mudar tudo.
Ela me questionou se eu me sentia bem naquela profissão, já que eu sou técnica em química, e para minha surpresa eu falei que não.
Pela primeira vez admiti para mim mesma que aquilo me sufocava, e que eu só estava pensando no dinheiro, no exito profissional e não no que me fazia bem, o que eu me identificava.
Passei semanas pensando naquilo, até que resolvi seguir meu coração.
Naquele ano de 2004 prestei vestibular para o curso de Arquitetura. Eu sempre gostei de desenho geométrico e decoração.
Não passei, mas também não fiquei decepcionada, eu não havia estudado nadinha.
Continuei com as sessões de terapia, e aos poucos percebi que queria trabalhar com pessoas, ser útil para alguém.
Durante o ano de 2005 completei 1,5 anos tomando medicação, até que em Agosto deste ano minha médica me deu alta, e os medicamentos foram retirados aos poucos.
Ao mesmo tempo que superei esta fase na minha vida, estava prestes a prestar vestibular novamente...
Como conseguimos nos surpreender com nós mesmos???
Fiz a inscrição na Unicamp e na Pucc para o mesmo curso e por incrível que pareça foi para Pedagogia! Quando eu havia pensado em ser professora??? Eu era maluca....
Eu mesma não acreditei na minha escolha. Aos 24 aos resolvi mudar drasticamente de profissão, depois de 8 anos me dicando a química.
Confesso que morri de medo do que estava fazendo, até o dia do resultado final do vestibular ...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Como é difícil olhar no "espelho"...

Depois desta ultima crise de 2003 comecei a prestar mais atenção em mim, e no que me machucava ou agoniava.
Confesso que não foi fácil, mas eu queria ser uma pessoa “normal”...
A minha psiquiatra mudou minha medicação, e eu estava me sentindo um pouco melhor.
O que estava sendo muito dolorido para mim era lidar com a culpa em relação a minha família.
Meus pais não estavam muito bem, e as brigas eram constantes. Eu me sentia culpada por tanta coisa: primeiro por não estar lá, e eles acharem que eu havia abandonado o lar; depois por ter deixado dois dos meus irmãos no meio das brigas; e por ultimo não me sentia no direito de estar feliz por eles não estarem felizes.
Além de tudo isso também estava em plena briga com a minha ansiedade.
Eu era uma doida. Um dia consegui parar e me ver, e pensei: - “Como as pessoas me aturam desse jeito?”
Arranjei mais uma coisa para me desesperar....eu tinha que me controlar, ser menos maluca e deixar as outras pessoas menos doidas com tudo que eu queria fazer ao mesmo tempo. Mas como eu ia conseguir mudar algo que fazia parte do meu eu???
Era uma enxurrada de emoções, situações e medos...
Mas para sair das crises além da medicação, entendi que eu tinha que saber lidar com o que me agoniava e me tirava do controle, ou seja, teria que saber lidar naquele momento com a ansiedade e a culpa.
Minhas médicas me ajudaram muito, mas não pensem que elas foram boazinhas.
Várias vezes saia do consultório arrasada, pensando que a minha terapeuta estava viajando, e só eu sabia como era difícil lidar com aqueles sentimentos.
Depois com a cabeça mais calma, percebia que o caminho mais fácil era enfrentá-los.
Até que um dia consegui, quase morrendo de dor, não me meter nos problemas dos meus pais. Sofri como nunca.
Queria ir na casa deles e resolver tudo, eu me sentia um pouco mãe deles.
Mas eu tinha que ser forte, estava na hora de eu cuidar de mim.
O primeiro passo para sair das crises eu dei naquele dia, mas as coisas não eram tão simples como pareceram...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Mais uma ...

Depois da ultima crise fiquei mais ansiosa, por incrível que pareça.
Morria de medo da demonstrar ansiedade para as pessoas, com medo de deixa-las preocupadas, e isso só piorava meu caso.
A terapia, estava cada dia mais intensa, mais estraçalhante....
Estava tentando lidar com a minha ansiedade, e principalmente lidar com a culpa que eu sentia em relação a minha família.
A culpa que me assolava por te-los deixado e ter ido viver sozinha era imensa.
Tinha medo deles acharem que eu não os amava, mas eu precisava viver a minha vida, voar com minhas asas....
Cheguei a querer morrer, ou então fugir para outro pais. Lá ninguém iria me conhecer e eu poderia estabelecer novas relações, eu não magoaria mais ninguém!!!!
Mas como falei anteriormente, a gente não pode fugir de nós mesmos, né?
Minha “ultima” grande crise desta época foi na casa dos meus pais.
Eles não sabiam o que era pânico, e eu para não alarma-los não ficava falando toda hora.
Aquele dia foi péssimo!!
A gata da minha mãe morreu atropelada, e eu fui incumbida de dar a noticia a ela.
Minha mãe se desesperou, era o bichinho que ela amava...
Depois ela e meu pai se desentenderam, e eu que já estava mega nervosa, fiquei no meio da briga. Foi a gota!!!
Comecei a chorar, tremer, ficar zonza....
Minha irmã mais nova era a única pessoa entre os meus familiares que sabia das crises e como eu ficava, até este dia!!!
Meu pai ficou desesperado. Pegou a minha mãe e falou: - Filha, o pai esta aqui, fica comigo!!!! Meus irmãos ficaram estáticos sem saber o que fazer, juntamente com a minha mãe....
Simplesmente estabeleci o pânico na família!!!
Minha irmã fez eu tomar meu calmante, e tentou me deitar....
Eu não queria deitar, queria ficar bem e forte, e estabelecer a calma dentro daquela casa....
Só me culpava mais e perguntava: - Porque não consegui me segurar? Porque não fui mais forte?
Depois deste dia decidi que não poderia mais ficar como eu estava.
Muitas pessoas estavam sendo envolvidas nas minhas crises, e eu achava isto muito injusto.
Além disso queria poder ser mais “normal”, poder ter decepções sem pirar, por exemplo.
A situação estava piorando, e só eu tinha o poder de muda-la.
Como minha terapeuta falava, eu era a única que poderia fazer algo para me ajudar.
Foi a decisão mais difícil e dolorida que já tomei, mas a melhor eu posso garantir....

A primeira grande exposição ....

As duas ultimas crises de pânico que tive nesta época foram mais assustadoras, por que envolveram mais pessoas. Me senti mais exposta.
Já com a medicação e alguns meses de terapia, horário de sono normal, tive uma forte crise no trabalho.
Foi horrível! Eu estava ansiosa na segunda feira de manhã, por que sabia que no próxiomo domingo iria trabalhar e eu não queria.
Estava trabalhando, tentando inutilmente me controlar, até que sentei e fiquei quieta na ilusão de conseguir disfarçar, mas foi em vão.
Comecei a suar frio, ter falta de ar, visão embaçada, tontura, não consegui me mexer...
Estava sozinha, quando duas colegas chegaram e perguntaram: - “Tudo bem?”.
Não consegui responder, porque estava chorando, desesperada, e minha boca começou travou e adormeceu.
Meu desespero maior era não deixar que ninguém percebesse que eu estava em pânico, mas eu estava deixando todos em pânico, e isso só me deixava mais nervosa.
Me colocaram no meu carro, ligaram para meu namorado e me levaram para casa.
Fui a terapeuta a tarde, e tive outra crise, agora por que estava morrendo de vergonha dos meus colegas....o que iriam achar de mim? Iam me ver como uma pessoa fraca???
A médica me passou um calmante para eu tomar nas horas de crise, e me deu 5 dias de afastamento.
Quando retornei ao trabalho não tinha cara para olhar para ninguém, estava morrendo de vergonha de como as pessoas haviam me visto, do que estavam pensando, aiiiiii iiii
Tentei agir como se nada tivesse acontecido, e para minha surpresa, todos tentaram não comentar o ocorrido.
Senti um misto de alivio, mas também medo de todos acharem que eu era louca, e que eu pudesse pirar novamente a qualquer momento.
Meu chefe foi super compreensivo, me chamou na sala dele e conversou muito comigo. Pediu para que se eu não me sentisse bem avisa-los, e que eu continuasse me cuidando para o meu próprio bem. Me deu uns toques sobre a minha ansiedade, e pediu para eu não me preocupar com os outros.
Me senti melhor depois de conversarmos, mas ainda não sabia o que fazer.....

quinta-feira, 29 de julho de 2010

AS VEZES COMETEMOS ENGANOS....MAS TAMBÉM ACERTAMOS!

Eu me enganei!!!
Definitivamente não seria nem o primeiro nem o segundo dia de terapia o mais terrível.
Na verdade eu não sei dizer quantos, ou quais foram os piores.
Tive a sorte de ter médicas maravilhosas, mas quando temos problemas gravados lá dentro da gente, presos há muito tempo, ou duvidas, medos escondidos a sete chaves de nós mesmos, fica difícil tornar as coisas fáceis, né?
As sessões continuaram, ou melhor a minha “auto-tortura”.
Eu falava e chorava direto, mal dava brechas para as intervenções da minha terapeuta...coitada!!!
Eu me sentia culpada por ter saido de casa e abandonado meus pais, me achava horrorosa, gorda, uma estranha no ninho, queria ser a melhor e a mais simpática pessoa da face da terra. Me culpava pelo meu namorado ter que me aturar daquele jeito, no fundo eu queria ser linda, maravilhosa e perfeita, e achava que era exatamente o contrário.
Começou a partir dai um longo caminho.
Primeiro o do desespero, depois o da melancolia e auto vitimização, só depois de um tempo ( vcs vão ver durante minha tragetória) que as coisas ficaram mais claras.
Minha vontade era sumir do planeta, ou mudar para um lugar onde ninguém me conhecesse, e eu pudesse começar tudo de novo, do zero! Ser outra pessoa!
Demorou para eu entender não dava para fazer isso.
Fui convencida que fugir de quem somos não dá certo, a gente sempre vai junto!
Além disso nossos fantasmas sempre vão dar um jeitinho de achar a gente, e dai quanto mais tempo "longe" deles, mais fácil deles pegarem nosso ponto fraco, e pisarem mais um pouquinho.
Durante este período tive mais duas crises terríveis, que me deram um empurrão para eu finalmente entender que eu tinha que brigar com esse “bicho” que me assombrava: O Pânico, e consequentemente com "estes fantasminhas" que davam força a ele.
Nesta hora comecei a acertar comigo mesma... Conto tudo na próxima história!!

O inicio de um longo caminho

Comecei a terapia com outra psiquiatra, que a minha médica indicou.
Fiquei super tensa no meu primeiro encontro.
Não sabia o que esperar, nem mesmo se estava fazendo a coisa certa. Era um misto de pavor e de curiosidade....
Para mim terapia era coisa de gente maluca. Mas o que eu estava pensando??? Pânico também era coisa de gente maluca, certo?? Então eu era maluca....
A consulta foi super tranquila. A terapeuta me explicou como funcionavam as sessões, perguntou o que me levou até lá, e disse que qualquer pessoa pode fazer terapia, tendo algum tipo de distúrbio ou não, e que o tratamento era importante para o auto conhecimento.
Isso me deixou um pouco mais tranquila, por que me pareceu algo bem light, não era algo do outro mundo.
Confesso que já neste dia queria começar a lamentar, falar, chorar.....aiiiii como somos estranhos, né???
Uma semana depois começou a terapia propriamente dita.

MEU DEUS!! Sai da sessão chorando, me sentindo mais culpada, fraca, foi horrível!!! Não pela médica, que quase não falou nada, mas por mim!!! Como eu ia tirar aquele peso todo de cima dos ombros?
Para a psiquiatra parecia fácil, e do jeito que ela falava até era, mas na prática que dor, que medo.....aiiiiiiiiiiii, minha vontade era deixar pra lá, e continuar como estava, largar a terapia.
Graças a uma pequena chama de bom censo na minha cabecinha, decidi que agora era a hora de mudar, de enfrentar aquele peso todo, então resolvi automaticamente continuar.
Quem sabe só o primeiro dia seria dolorido???

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Finalmente o inicio do tratamento.

Eu estava inerte, sempre mal humorada. Decididamente minha pessoa não era uma boa companhia.
Não queria saber de psiquiatra, médico, terapia, nada.... Eu queria ficar quieta.
Mas um belo dia tive uma crise terrível de raiva, e meu namorado falou: “- Ou você procura ajuda, ou não sei até quando vou aguentar”.
Este era o mega empurrão que eu precisava para ir ao médico.
No dia seguinte marquei uma psiquiatra.
Fui a consulta sozinha. Para mim já era muito ir até lá, não queria companhia.
A médica foi maravilhosa. Conversou comigo, falou que eu tinha depressão, mas que isto não era o final do mundo. Falou que provavelmente eu tivesse pânico, mas ela teria que me acompanhar por algum tempo para ter certeza se não eram crises isoladas, devido a depressão, mas que pela minha descrição muito provavelmente era realmente pânico.
Receitou uma medicação que iria atuar na depressão e consequentemente no pânico, e pediu para que eu retornasse após 20 dias para acompanhamento.
Eu não queria tomar remédio. Tinha medo de viciar, mas a dra. foi super paciente, e me explicou que qualquer remédio pode viciar, desde que o paciente tome sem orientação e acompanhamento médico.
Fiquei mais tranquila, e resolvi fazer certinho as orientações da minha médica.

Dois meses depois de iniciar a medicação, fui liberada para fazer terapia, na verdade fui quase intimada.
Mal sabia eu, que neste momento iria começar a faze mais dolorida do tratamento...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Eu não tinha “NADA”

Engordei 10 quilos, em 6 meses. Vivia indo aos hospitais, por causa das crises, mas ninguém sabia o que eu tinha. Tomava soro com algum remédio para tontura toda vez que ia ao hospital.
O ultimo exame que fiz foi a tomografia.
Demorou uns 3 dias para o exame ficar pronto, e eu estava morrendo de medo de saber o que ia dar.
No dia que levei o exame ao médico, meu namorado estava comigo.
O médico abriu o exame, olhou e me disse o que eu queria (ou não) ouvir: - “Você não tem nada”...
Mas como eu não tinha nada? O que estava acontecendo?
Ele indicou que eu trocasse de turno do trabalho, devido a falta de produção de alguns hormônios essenciais ao organismo, em pessoas que só dormem durante o dia, que era o meu caso.
Ele também me indicou ir a um psiquiatra, pois poderia ser um quadro de depressão.
Sai da sala do médico zonza. Eu com depressão? Magina!! Isso para mim era coisa de gente louca ou desequilibrada, que não amava a vida.
Triste preconceito meu, era o que eu tinha, e com um agravante o Panico, e eu nem desconfiava disso.
No inicio de 2003, depois das férias coletivas mudei de turno no trabalho.
Graças a Deus comecei a trabalhar durante o dia, e a dormir a noite. Ninguém tem idéia de como é bom dormir no escuro da noite, até perder o direito de dormir.
As crises diminuíram um pouco, mas eu vivia triste e mal humorada, só queria dormir. A vida ficou chata, sem muito sentido. Mas nunca pensei em me matar, eu só queria dormir e ficar quieta, no meu canto.
Meu mundo estava resumido em ficar em casa e dormir...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Começavam os exames.

As crises continuaram.
Aconteciam no trabalho, em casa, eu tinha certeza que iria morrer.
Fui a vários médicos: cardiologista, neurologista, urologista.
Foram infinitos exames, desde curva glicêmica a tomografia e controle de batimentos cardíacos.
Meu maior medo era descobrir qual era minha doença. Tinha certeza que havia um tumor na minha cabeça. Com aqueles sintomas eu só pensava no pior.
Quase ninguém sabia das minhas crises, somente minha irmã, meu namorado, e alguns colegas de trabalho.
Não queria alarmar ninguém, antes de saber o que eu tinha.
Nesta época comecei a ter medo de sair de casa a noite. Tinha certeza que levaria um tiro na cabeça ao sair para trabalhar, e por este motivo minhas crises aconteciam com mais frequência antes de sair para o trabalho.
As crises pioraram. Além da falta de ar, tontura, visão embaçada, formigamento das mãos, e crise de choro, comecei a sentir meu corpo inteiro formigar e meu maxilar travar. Não conseguia falar nas crises e a sensibilidade da minha pele desaparecia.
Demorei mais de 6 meses para descobrir o que eu realmente tinha...

A Primeira Vez (2002)

Tudo em minha vida estava ótimo.
Tinha 22 anos, estava feliz com meu novo trabalho, tinha um carro pago por mim, estava namorando com uma pessoa maravilhosa e dividia um apartamento com a minha irmã e uma amiga.
Que garota com esta idade não quer ter tudo isso?
Nesta época eu trabalhava em uma empresa no período da noite das 22:00 as 6:30hs, de segunda a sexta-feira, com análises químicas.
Não era bem o horário dos meus sonhos, mas as pessoas eram maravilhosas e o salario ajudava bastante.
Um dia, por volta de outubro de 2002 acordei para o trabalho, era uma segunda feira, e comecei a sentir tontura, falta de ar.
Tomei um banho e comecei a ver tudo escuro, minhas mãos começaram a formigar, e a falta de ar aumentou.
Chamei meu namorado (que graças a Deus estava em casa).
Eu mal consegui levantar da cama. Achei que estava morrendo. Comecei a ter uma crise de choro, e ele me levou para o hospital.
Você já imaginou aos 22 anos morrer de uma hora para outra. Meu medo só aumentava enquanto íamos para o hospital.
No pronto socorro, me examinaram e falaram que eu não tinha nada, que devia ser algo que eu comi, e me deram soro com medicamento para náusea.
Começava ai uma série de idas e vinda a hospitais.
Tive minha primeira crise de pânico, mas ninguém sabia disso...

Uma breve apresentação

Criei este blog para relatar minha experiencia com a Síndrome do Pânico, que tenho desde de 2002.
Quando descobri que tinha a doença foi muito difícil, não a conhecia bem e não queria aceitar a situação. Por isso quero dividir minha experiencia com vocês, para poder divulgar este distúrbio e mostrar que o Pânico não tem cura, mas é controlável.
“ A vida é curta, por isso, faça amigos, perdoe os inimigos, faça planos, realize sonhos, quebre regras, faça outras, e nunca deixe de sorrir . Viver não é facil como imaginávamos, mas já que estamos vivos ame e viva como se o amanhã fosse incerto.” (Marry)